terça-feira, 27 de novembro de 2007

Aprendizagens cooperativas da irmã coruja


Fiquei várias semanas refletindo sobre alguma contribuição do Curso e da Tutoria para a minha vida pessoal. Nada me vinha à mente, faltavam idéias e o próprio hábito de refletir (e expor) mudanças na vida da “Simone”. Na maioria das vezes o que sobressai nos meus relatos é a “Simone estudante” ou a “Simone profissional”, como se fossem três pessoas diferentes... Porém, a algumas semanas atrás, me vi tomada pelo movimento de auxiliar meu irmão na elaboração do seu TCC. Ele faz Ciências da Computação na PUC e seu trabalho é a proposta e implementação de um ambiente de EAD que integra recursos síncronos (chat) e assíncronos (fórum) na mesma ferramenta, o Pnyx. Ele funciona de forma semelhante ao Gmail e pode ser integrado ao Moodle.

Pela primeira vez durante toda a formação dele tivemos momentos intensos de diálogo sobre o trabalho, pois a especificidade técnica quase sempre o afastava das conversas familiares sobre as atividades profissionais. Eu e minha mãe (pedagoga) não conseguíamos nos aproximar da linguagem dele, o que impedia muitas vezes os movimentos de conversa. Foi então que o TCC e a escrita do meu projeto para o doutorado proporcionou a aproximação. Começamos a trocar textos sobre o histórico da EAD, discutimos sobre as diferenças entre os modelos instrucionais e colaborativos, do papel de alunos e professores nos modelos. Comecei a cooperar com o texto do TCC propondo sentenças e parágrafos relacionados com a aprendizagem colaborativa. Recordo que o último texto que sugeri para ele foi um texto da profa. Rosane que fala sobre as diferenças entre “ensino na rede” e “aprendizagem em rede” (que alguns meses atrás foi me sugerido pela colega tutora Simone Garcia). A partir deste texto conseguimos construir um parágrafo do TCC (em resposta a um questionamento do orientador dele) sobre a importância da interação entre aluno-aluno, aluno-professor e que contribuía para a justificativa da própria proposta do sistema Pnyx.

Fora a preocupação dele com prazos de entrega, adequação do texto, acredito que esses momentos de conversa e escrita cooperativa puderam não só nos proporcionar uma troca interdisciplinar de saberes como também aproximar nossos laços fraternos. Anotem aí o nome do sistema, tenho certeza que vai fazer bastante sucesso. Quem garante é essa irmã coruja.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Sobre a intencionalidade dos nossos comentários

No nosso último encontro no ESPEAD fizemos um exercício interessante de refletirmos em grupo sobre a "qualidade" dos comentários postados para os alunos nos diversos espaços do PEAD. Além dessa reflexão, nos foi proposto que escrevêssemos conjuntamente um comentário considerado "ideal". Deste exercício pudemos discutir sobre as diferentes formas de intervenções e nossos estilos singulares de sermos tutores.
Ainda naquela semana me deparei com uma postagem de uma aluna sobre os comentários postados para ela:

"...Confesso que fiz meu trabalho achando que realmente teria colocado o que penso e de acordo com o meu agir durante estes anos. Sei que todo este trabalho é para enriquecer nossa prática, mas confesso que estou um pouco desanimada, pois até agora não fiz nenhum trabalho que não houvesse observações, parece que nunca ta bom. Quando escrevo coloco palavras simples do meu dia-a-dia, não fico tirando teoria da internet e enfeitando meus trabalhos com palavras prontas. Mas parece que é isto que esta faltando!!!".

Tentando seguir a metodologia proposta pelo curso, tenho realizado meus comentários buscando trazer novas questões a partir do que os alunos escrevem em suas atividades, visando uma "pedagogia da pergunta" (Carvalho, Nevado e Bordas, 2006). Porém, essa aluna interpretou meu comentário como uma avaliação - "observações" segundo ela - "negativa" do seu trabalho.
Fiquei pensando que se o professor necessita de um "tempo" para desconstruir práticas pedagógicas arraigadas a longo tempo no seu fazer, o aluno também precisa de um "tempo" para se colocar em uma posição diferente enquanto aluno. E não é sem confronto e sem reflexão que se faz isso. Corre-se o risco de que os alunos não compreendam e não embarquem nesse tempo de mudanças se não nos atentarmos sobre o que nos é demandado e o que "devolvemos" para o aluno. Nessa situação, a resposta que me foi possível dar foi a seguinte:

"Oi ..., estou colocando comentários em todos os trabalhos postados por ti e pelos colegas. Minha intenção é que possamos estar sempre aprofundando nossas reflexões. Abração, Sibicca".

Minha intenção naquele momento foi sugerir para a aluna que o meu comentário não se tratava de um julgamento sobre a qualidade das suas reflexões, mas sim um convite para continuarmos refletindo sempre mais.

Não sei se esta foi a melhor estratégia, mas penso que devemos estar atentos para a intencionalidade dos nossos comentários.

Referência:

CARVALHO, Marie Jane Soares; NEVADO, Rosane Aragon de; BORDAS, Mérion Campos. Guia do Tutor. Porto Alegre: Gráfica da UFRGS, 2006.